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Cada coisa em seu lugar




Alguém pensava muito, pensava em muitas coisas. Pensava no que tinha feito e no que não tinha. Gostava muito de criar conversas incríveis, valentes, ousadas, muito boas mesmo.

Vivia com Ninguém e Você, suas irmãs, eram trigêmeas. Ninguém era a mais velha, que fazia a política da boa vizinhança, Você era a irmã do meio, independente e fazia o que queria e bem. Alguém não sabia muito bem quem era, aprendeu a ser um pouco de cada, mas não era nenhuma delas, talvez ela fosse uma pensadora e não uma fazedora.

Alguém achava bom viver com suas irmãs, pois elas completavam Alguém. Quando não queria ser simpática, Ninguém era. Quando não sabia o que fazer, Você sabia. Era uma vida confortável.

Mas um dia Ninguém e Você desapareceram e pela primeira vez Alguém se viu sozinha. Ficou assustada, com medo e paralisada. E agora? Teria que aprender a politica da boa vizinhança e fazer coisas, mas para quem iria perguntar se estava certo? Qual seria o melhor caminho? Se não ia ter dor?

Alguém ficou calada, até dentro da sua cabeça as conversas diminuíram, achou que agora teria que dar conta de tudo e chamou isso de responsabilidade. Responsabilidade para Alguém era fazer as coisas sem parar e sorrindo sempre. Como uma boneca em exposição.

E durante muitos anos foi assim, a rotina se repetia, e parecia para Alguém que muito era feito nesses dias.

Mas começou a ficar vazio. O que era mesmo que Alguém gostava de pensar e fazer? Onde estavam suas irmãs para serem elas mesmas e Alguém poder ser alguém?

E então uma busca começou, era uma jornada para dois lados, quanto mais para dentro ia, mais para fora se via. Não fazia muito sentido, era um caminho confuso, ao mesmo tempo em que Alguém queria se achar, não conseguia abandonar o que estava fazendo e vivendo há tanto tempo. Olhar para trás trazia alguns apertos no peito, tentando encontrar mais.  Alguém havia perdido muita coisa e foi mais ou menos por aí que percebeu que tinha mesmo é que virar a cabeça e olhar para outro lado.

Para frente havia um mundo, de dentro brotava alguma coisa, quase borbulhava. Foi assim, que depois de muita luta que Alguém abriu os olhos e encontrou “Eu”, sim Eu mesma, uma essência. E foi se achando de verdade que Ninguém e Você foram somente isso mesmo. E Eu tinha tudo que precisava, e cada coisa ficou no seu lugar, indo para onde tivesse que ir.

 

Samanta Iuras

Psicóloga e Especializada em Psicopedagogia

05/10/14